O tema surge de uma inquietação ao perceber a quantidade de terrenos utilizados como estacionamento, tanto na orla como no tecido interno do centro de Niterói. O centro da cidade, na sua orla, se configura pelos equipamentos culturais, o Terminal Rodoviário, as Barcas. A malha interna se configura pelos usos diversos como centro comercial e residencial. Contrapor essa cidade que temos na qual o automóvel é protagonista do espaço público com a cidade que queremos, com o pedestre como protagonista, com ciclovias e transporte público gera esse questionamento: como tirar o carro do protagonismo? A Política Nacional de Mobilidade Urbana prioriza hierarquicamente os atores: o pedestre; o ciclista; o transporte coletivo; o transporte de cargas; o transporte individual como última opção. Também, a Política Nacional propõe estacionamentos públicos quando necessário, estrategicamente localizados e articulados com outros modais de transporte. A intenção de projeto é então pensar na contribuição que um estacionamento público pode dar para a mobilidade urbana, em uma abordagem “de vaga a vaga”: as pessoas devem ter um ponto onde deixam o carro e daí usufruem a cidade a pé, de bicicleta, com transporte público. Estima-se que até 1/3 do trânsito em centros consolidados pode ser da simples busca por vagas (SHOUP, 2011). Um estacionamento público bem projetado e estrategicamente inserido no contexto urbano, além de propriamente taxado revertendo em dinheiro público pode ajudar o trânsito e a mudança da cultura do automóvel. A partir do aporte teórico de desempenho metropolitano (LASSANCE et al, 2012) e do estudo de referências (o escritório BIG e seus “híbridos promíscuos”, além de outros edifícios-garagem que se tornaram mais potentes a partir de hibridismo programático), propõe-se para o TFG um estacionamento público que consiga articular vagas, espaço público, o terminal de ônibus e de outros modos de transporte, o lazer e a paisagem.